23 de setembro de 2023

A Associação “Famílias para a Acolhida” nasceu em Milão, em 1982, com a proposta de valorizar e sustentar – também por meio da formação das famílias – a acolhida de menores ou adultos em dificuldade, e difundir esse valor. O gérmen dessa associação foram famílias do Movimento Comunhão e Libertação que viviam separadamente a mesma experiência. Em 1985 foi realizado o primeiro Congresso Nacional da Associação. Em 1989 ela começava suas atividades na Suíça, e em 1991 na Espanha.

O livro O milagre da hospitalidade reúne orientações, intervenções e diálogos de Dom Giussani com membros da Associação, entremeados com testemunhos de experiências e um histórico bem abrangente de seu desenvolvimento.

Aqui destacamos alguns trechos desse livro, sob alguns temas escolhidos.

A “liberdade do resultado”

Dom Giussani responde como se aplica a “liberdade do resultado” à missão das famílias acolhedoras. Ele responde:

A liberdade dos resultados é a condição para que o motivo seja “caridade”. Mas isto é verdade em qualquer relacionamento que o homem viva em relação com o Infinito, com Deus. Na relação com Deus não existe a medida, portanto, não existe a busca do resultado. Por isso o publicano saiu do Templo abençoado por Deus: e era um “pecador sujo”, diziam todos. Sem estar livre dos resultados, a pessoa sequer começa, é deficiente no começo. (O milagre da hospitalidade, pág. 63)

Acolhida e espiritualidade

Nós acolhemos porque somos acolhidos. Como diz São João: “Amamos porque fomos amados”. Isto e somente isto é o que deve acontecer aqui, caso contrário podemos ser generosíssimos até o ponto de entregar o próprio corpo às chamas – como diz São Paulo – e isto não valer nada. Doar todo o dinheiro, entregar o corpo às chamas, sem caridade, de nada vale. O que é a caridade? É o reconhecimento de sermos amados. É o reconhecimento de Cristo, isto é, que Deus nos amou. (O milagre da hospitalidade, pág. 64)

Fonte: http://www.rivistazetesis.it/donGiussani.htm

  Acolher o outro, querer bem ao outro, é imitar Cristo, é acolher Cristo…  Quanto mais aquilo que vocês fazem na sua generosidade, o fazem também nesta consciência, tanto mais a generosidade de vocês não estará sujeita à sua vontade, ao seu cansaço, ao seu humor.  Caso contrário, o humor, a instintividade, a opinião medem o que vocês fazem. E, depois de um pouco, vocês dirão: “Chega, mais do que isso é impossível, não consigo”. Por isso eu comparei com a relação entre o homem e a mulher: só com Cristo a relação entre o homem e a mulher pode ser indissolúvel. É feita para ser indissolúvel, mas só com Cristo pode sê-lo. Só com Cristo é que o ato de generosidade com o qual você acolhe pode ir até o fundo. (O milagre da hospitalidade, pág. 76)

Pecado, humildade e redenção

“Quem faz, erra”; mas dentro desse mesmo erro acontece a bondade de uma Redenção mediante a humildade de um perdão aceito e, antes ainda, mediante a contrição do reconhecimento do próprio erro. É exatamente através do erro que normalmente – digo sem hesitação normalmente – o homem caminha mais em direção a Deus. (O milagre da hospitalidade, pág. 68)  

E a pessoa pode ser repleta de erros. Jesus disse: “Os publicanos e as prostitutas vos precedem no reino de Deus” (Mt 21,31). Não se trata de um paradoxo, foi Ele quem o disse! A verdadeira moral é o reconhecimento de um pertencer: “Eu pertenço a Ti, ó Senhor,  o que quer que eu seja. Faz com que eu me torne diferente!”. “Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (I Jo 3,3). Portanto, não é uma indiferença mas uma liberdade de partida. Esta é a coisa mais difícil de ser entendida. (O milagre da hospitalidade, pág. 109)