2 de agosto: a “Indulgência da Porciúncula” ou o “Perdão de Assis”

Interior da Igreja da Porciúncula

Todo fiel que visite uma igreja franciscana em qualquer lugar do mundo, do meio-dia de 1º de agosto até a meia-noite de 2 de agosto, pode obter a chamada indulgência plenária da Porciúncula. As condições para essa indulgência plenária são as habituais: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Papa. Essa indulgência pode ser obtida somente uma vez por dia e é aplicável às almas do Purgatório.

O texto acima é o resumo da notícia, mas a história por trás dela envolve um dos maiores santos que conhecemos: São Francisco de Assis. Isso explica o nome “Perdão de Assis”, mas não esclarece para um leigo o que vem a ser “Porciúncula”! Para isso, seguiremos agora para a história completa.

Nossa Senhora dos Anjos

As fontes históricas franciscanas relatam que São Francisco, depois de restaurar a igreja de São Damião, vendo que crescia o número de frades, julgou prudente solicitar aos bispos e aos religiosos uma pequena igreja para suas orações, com uma casa anexa para se abrigarem.

Depois de algumas respostas negativas, São Francisco chegou ao mosteiro de São Bento do Monte Subásio. Relatou ao abade sua missão e os resultados que até então tinha tido; compadecido, o abade se aconselhou com os seus monges e com eles resolveu entregar a Francisco e seus frades a igreja de Santa Maria da Porciúncula, a mais pobre que tinham.

O nome de “Porciúncula” tinha sido dado a esta igreja por ter sido construída numa pequena porção de terreno. Ela foi edificada em 352 por quatro piedosos eremitas vindos da Palestina, que a dedicaram à Virgem Santíssima.

Sendo humilde, pobre e dedicada à Mãe de Deus, a igrejinha tocou profundamente o coração de São Francisco, e se tornou sua segunda morada. Ali teve início a Ordem dos Frades Menores; foi também o local em que, no domingo de Ramos de 1211, São Francisco recebeu a consagração de Santa Clara, dando origem à ordem das clarissas; e, finalmente, na tarde de 3 de outubro de 1226, foi onde São Francisco faleceu.

Essa pequena igreja atualmente está dentro da grande Basílica de Assis, que leva o mesmo nome de Santa Maria dos Anjos.

O pedido de São Francisco

No tempo de São Francisco, as indulgências eram obtidas somente em peregrinação a alguns lugares como a Terra Santa – o que, devemos ressaltar, incluía a grande possibilidade do fiel ser morto, uma vez que se estava em plena época de Cruzadas. Portanto, esta indulgência obtida por São Francisco foi um acontecimento excepcional.

Segundo o testemunho de Bartolomeu de Pisa, a origem da Indulgência da Porciúncula se deu assim:

Uma noite, do ano do Senhor de 1216, Francisco estava compenetrado na oração e na contemplação na igrejinha da Porciúncula, perto de Assis, quando, repentinamente, a igrejinha ficou repleta de uma vivíssima luz e Francisco viu sobre o altar o Cristo e à sua direita a sua Mãe Santíssima, circundados de uma multidão de anjos. Francisco, em silêncio e com a face por terra, adorou a seu Senhor.

Perguntaram-lhe, então, o que ele desejava para a salvação das almas. A resposta de Francisco foi imediata: “Santíssimo Pai, mesmo que eu seja um mísero pecador, te peço que, a todos quantos arrependidos e confessados, virão a visitar esta igreja, lhes conceda amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todas as culpas”.

O Senhor lhe disse: “Ó Irmão Francisco, aquilo que pedes é grande, de coisas maiores és digno e coisas maiores tereis: acolho portanto o teu pedido, mas com a condição de que tu peças esta indulgência, da parte minha, ao meu Vigário na terra (Papa)”.

E imediatamente, Francisco se apresentou ao Pontífice Honório III que, naqueles dias encontrava-se em Perusia e com candura lhe narrou a visão que teve. O Papa o escutou com atenção e, depois de alguns esclarecimentos, deu a sua aprovação e disse: “Por quanto anos queres esta indulgência”? Francisco destacadamente respondeu-lhe: “Pai santo, não peço por anos, mas por almas”.

E feliz, se dirigiu à porta, mas o Pontífice o reconvocou: “Como, não queres nenhum documento”? E Francisco respondeu-lhe: “Santo Pai, de Deus, Ele cuidará de manifestar a obra sua; eu não tenho necessidade de algum documento. Esta carta deve ser a Santíssima Virgem Maria, Cristo o Escrivão e os Anjos as testemunhas”.

E poucos dias mais tarde, junto aos Bispos da Úmbria, ao povo reunido na Porciúncula, Francisco anunciou a indulgência plenária e disse entre lágrimas: “Irmãos meus, quero mandar-vos todos ao paraíso!”


Bibliografia:

A Porciúncula – https://franciscanos.org.br/carisma/simbolos/a-porciuncula

Festa de Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula – Perdão de Assis – https://franciscanos.org.br/conventosantoantonio/festa-de-nossa-senhora-dos-anjos-da-porciuncula-perdao-de-assis/

“O Perdão de Assis” ou “Indulgência da Porciúncula” – https://misericordia.org.br/formacoes/o-perdao-de-assis-ou-indulgencia-da-porciuncula/

São Francisco e a Porciúncula: Saiba como obter a indulgência plenária hoje e amanhã – https://www.acidigital.com/noticias/sao-francisco-e-a-porciuncula-saiba-como-obter-a-indulgencia-plenaria-hoje-e-amanha-52060