A Consagração Cívica do Brasil ao Sagrado Coração de Jesus

A Consagração Cívica do Brasil ao Sagrado Coração de Jesus em 1955 talvez seja uma novidade para você. Uma outra possível novidade é que no Rio de Janeiro se estava encerrando, no dia dessa Consagração, um evento católico que prefigurava o que foi visto em suas praias na época da JMJ 2013.

O Congresso Eucarístico Internacional de 1955

O XXXVI Congresso Eucarístico Internacional contou com jovens de 25 nações. Estima-se que um milhão de pessoas tenham estado presentes, entre brasileiros e estrangeiros, nos 7 dias do evento.

O Santíssimo Sacramento foi trasladado de barco da Marinha de Niterói, sob as luzes dos holofotes do Exército e fogos de artifício, com um público de aproximadamente 500 mil pessoas. Foi dada a bênção a 5 mil doentes. A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi recebida com procissão, bem como uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, doada pelo governo de Portugal.

No encerramento do Congresso se pronunciou a Consagração Cívica do Brasil ao Sagrado Coração de Jesus, nestes termos:

Coração Eucarístico de Jesus, Coração do Homem-Deus, Coração de Cristo Rei, Salvador da humanidade, Senhor dos senhores, Juiz Supremo dos indivíduos e das Nações. Nós, como legítimos representantes do povo brasileiro, aqui vimos entregar-Vos os destinos de nossa Pátria, que Vos foi consagrada pelo Episcopado Nacional, em presença do Chefe do Governo, no alto do Corcovado. Neste momento culminante de nossa história, atendendo ao apelo de milhares de vozes, no mais alto plebiscito de Religião e patriotismo, vimos ratificar esta consagração ao Vosso Divino Coração. A Vós consagramos todos os Estados e Territórios do Brasil com suas riquezas naturais, suas empresas e realizações, suas riquezas materiais, seu patrimônio espiritual e moral. Reinai em nossos lares, santificando todas as famílias desde a mais abastada até as mais pobres. Reinai em todas as atividades dos homens. Sede a luz dos homens de estudo, a defesa da Pátria pelas Forças Armadas, a sapiência dos Legisladores, a justiça dos Magistrados, a orientação do Governo. Agradecemos as Vossas dadivosas bênçãos à nossa Pátria, e, reconhecendo nossos erros e ingratidões, pedimos Vosso perdão e misericórdia. Por Maria Santíssima, a Virgem Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, suplicamos Vossas bênçãos para felicidade do nosso Povo agora e sempre. Amém.

O Ato dessa Consagração Cívica foi assinado por 58 senadores, 250 deputados, 55 ministros do Supremo Tribunal, o Tribunal Superior do Trabalho, o Tribunal de Recursos, o Superior Tribunal Militar e 60 vereadores do Distrito Federal.

Uma nota histórica

Consta que Santa Margarida Maria – confidente do Sagrado Coração de Jesus – teria se dirigido a Luís XIV com três pedidos de Nosso Senhor, em 1675:

  1.  Que se erguesse um templo onde sobressaísse a imagem do Sagrado Coração de Jesus;
  2. que nesse templo o Sagrado Coração de Jesus recebesse a consagração e as homenagens do Chefe de Estado e de seus ministros;
  3. que o Sagrado Coração de Jesus fosse pintado na bandeira nacional e nas armas do país.

O primeiro pedido só foi atendido depois da guerra entre França e Alemanha: “Para reparar nossos pecados e obter a misericórdia infinita do Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, para perdão dos nossos pecados, e os socorros extraordinários que poderão livrar o Papa de seu cativeiro e fazer cessar os infortúnios da França, prometemos contribuir para a construção, em Paris, de um santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus”.

O “Voto Nacional” da França: Basílica do Sagrado Coração de Jesus
Basílica do Sagrado Coração de Jesus de Montmartre: voto nacional da França

A Basílica do Sagrado Coração de Montmartre, chamada Voto Nacional, teve sua construção ordenada por uma lei de “utilidade pública”, aprovada pela Assembleia Nacional da Terceira República em 24 de julho de 1873.

Quanto ao terceiro pedido, durante a I Guerra Mundial mais de doze milhões de bandeiras francesas e escudos adornados com o Sagrado Coração de Jesus eram usados pelos soldados e regimentos.

“Sagrado Coração de Jesus, Esperança e Salvação da França”
“Sagrado Coração de Jesus, Esperança e Salvação da França”

Importância da Consagração Cívica

Os reis costumavam consagrar seus reinos e os Chefes de Estado seus países, como fez o Santo Rei Estêvão ao consagrar a Hungria a Nossa Senhora. A Princesa Isabel fez de suas joias uma coroa para Nossa Senhora Aparecida, declarando-a Imperatriz do Brasil quando perdeu o trono. Gabriel García Moreno, presidente do Equador por dois mandatos, consagrou publicamente sua legislatura ao Sagrado Coração de Jesus.

As autoridades religiosas podem consagrar suas paróquias, dioceses, porém não têm autoridade civil. Os chefes civis é que têm a competência de consagrar o que é temporal: um prefeito, seu município; um Chefe de Estado, seu País. Daí a grande importância de que autoridades civis, unidas ao seu povo, realizem atos de culto, reconhecendo a autoridade divina à qual estão submetidos.

“Quando o cristianismo de uma nação está reduzido ao âmbito da vida particular ou da vida doméstica; quando o cristianismo deixa de ser a alma da vida pública, e das instituições públicas, então Jesus Cristo trata essa nação como foi tratado por ela. Continua a favorecer com a Sua graça e os Seus benefícios aqueles que O servem; mas abandona as instituições e o poder público que deixam de O servir; e as instituições, os poderes públicos, os reis, as raças, tornam-se movediças como a areia do deserto, caducos como essas folhas secas do outono, que qualquer aragem dispersa”.

(Cardeal Ple)

Bibliografia: