Relíquias da Santa Cruz do Senhor

Relíquias de Santos já são preciosas, que dizer então de relíquias de Nosso Senhor? A Santa Cruz e os Santos Cravos são relíquias que foram encontradas juntas, como também a placa contendo o motivo da condenação do Senhor, mandado pregar na Cruz por Pilatos.

A Vera Cruz de Cristo

Na breve história das relíquias vimos que Santa Helena, mãe do imperador Constantino, fez uma peregrinação à Terra Santa, mandando demolir o templo pagão que havia sido construído sobre o Monte Calvário e o Santo Sepulcro.

Uma tradição conta que Santa Helena teve um sonho no qual a Cruz do Senhor era descoberta. De acordo com esse sonho, orientou seus trabalhadores na escavação que descobriu três cruzes em uma cisterna a leste do Monte Calvário, no dia 3 de maio de 326, na construção da Igreja do Santo Sepulcro. O mesmo dia 3 de maio marca a recuperação da mesma Cruz em 628 por Heráclio, que a reconquistou aos persas, levando-a para Jerusalém. Por isso a data de 3 de maio é celebrada de maneira especial em alguns lugares como Festa da Invenção da Santa Cruz.

Para descobrirem qual das três cruzes encontradas era a Cruz de Cristo, tocaram-nas em uma mulher muito doente. Duas cruzes a tocaram, sem efeito algum. Assim que a terceira cruz a tocou, a mulher ficou curada imediatamente: desse modo foi identificada a Cruz de Cristo.

Uma parte da Cruz foi mantida em Jerusalém; a parte principal foi enviada a Roma e outras partes foram para Bizâncio. Muitos fragmentos pequenos foram distribuídos para grande número de igrejas em uma verdadeira peregrinação pelas cidades mais proeminentes do Império Romano e por toda Europa, sendo espalhadas pela devoção de reis piedosos e pela perseguição religiosa.

Além da Cruz de Jesus, Santa Helena recuperou várias relíquias que ficaram por muitos séculos expostas à veneração em Jerusalém, na Basílica do Monte Sião.

Os Santos Cravos

Os três Cravos, encontrados juntamente com a Cruz, ficaram em Constantinopla até 550, quando foram levados a Roma. Foram feitas réplicas que tinham pequenas raspas dos Cravos originais, ou que simplesmente tocavam uma dessas relíquias.

Santo Ambrósio conta que Santa Helena tinha um cravo convertido em rédea como presente para o filho Constantino e que um diadema imperial foi feito do outro cravo. São Gregório de Tours fala de um cravo que teria sido atirado ou provavelmente apenas mergulhado no Mar Adriático por Santa Helena, para acalmar uma tempestade.

Muito pouca confiabilidade pode ser dada à autenticidade dos trinta ou mais Santos Cravos que ainda são venerados, ou que tenham sido venerados até tempos recentes. Provavelmente a maioria surgiu pela fabricação de réplicas que tocavam ou continham dentro algum pequeno pedaço de um Cravo de origem mais antiga.

Não havia consciência de fraude da parte de ninguém, mas dessa forma surgiram muitas imitações em pouco tempo, que eram declaradas como relíquias originais.

Relíquia de um Santo Cravo mantida na Catedral de Trier, Alemanha

A inscrição da Cruz (“Titulus Crucis”)

A inscrição “INRI” (Jesus Nazarenus Rex Iudaeorum – Jesus Nazareno, Rei dos Judeus – Jo 19,19) foi encontrada por Santa Helena junto com a Cruz de Cristo e os três Cravos.

Essa relíquia foi dividida em três partes, sendo uma deixada em Jerusalém, outra enviada ao Imperador Constantino e a terceira levada para Roma, para a capela particular de Santa Helena. Posteriormente essa capela foi ampliada e consiste hoje na Igreja da Santa Cruz de Jerusalém, em Roma.

Tendo sido emparedado, o título só foi mostrado publicamente em 1492. Alguns especialistas em arqueologia disseram que a inscrição data do primeiro ao quarto século depois de Cristo, feita em madeira de oliveira. Outras análises sugerem que o título seja da Idade Média, embora provavelmente feito como cópia do original.

A primeira linha está em hebraico, na escrita típica do 2º período do templo de Jerusalém (primeiros dois séculos depois de Cristo). A segunda linha, em grego, tem o estilo de inscrições romanas do primeiro século até o início do quarto século. A terceira linha, em latim, tem o estilo decorativo de inscrições imperiais romanas do primeiro século. Essas duas linhas estão em escrita reversa, como que imitando a escrita hebraica. A inscrição grega concorda com o estilo das palavras encontradas no Santo Sudário de Turim.

Metade da inscrição da Cruz, mantida em Roma.

Abaixo, exemplo de um fac-símile, feito por um pastor americano, com a inscrição completa:

Oportunamente publicaremos estudos sobre outras relíquias da Paixão do Senhor: a Coroa de Espinhos, a Santa Túnica, a lança de Longinus, os Sudários de Turim e Oviedo.

Bibliografia: