18 de abril de 2024

Continuando nossa série de artigos sobre Nossa Senhora de Guadalupe, apresentamos agora uma de suas grandes maravilhas: seus olhos!

Um segredo guardado por séculos

As aparições de Nossa Senhora no México se deram em 1531. A conversão em massa dos astecas, que se seguiu à divulgação dos acontecimentos, parece ter sido o maior milagre e o fecho de ouro dessa manifestação mariana. O povo mexicano praticamente se formou ao redor da imagem milagrosamente impressa na tilma de Juan Diego.

Mas muitas outras maravilhas só começaram a ser descobertas praticamente quatro séculos depois: em 1929, Alfonso Marcue, fotógrafo oficial da antiga Basílica de Guadalupe na Cidade do México, teve a impressão de ver a imagem de um homem de barba refletido no olho direito de Nossa Senhora.

Em 29 de maio de 1951, José Carlos Salinas-Chavez examinou uma boa fotografia da face com uma lupa e redescobriu a imagem que parece ser um homem de barba refletido no olho direito, localizando-o também no olho esquerdo.

Os primeiros exames oftalmológicos

A partir de então, várias pessoas tiveram a oportunidade de analisar mais de perto os olhos de Nossa Senhora na tilma. O Dr. Javier Torroella Bueno publicou o primeiro relatório médico dos olhos da imagem, em 1956. Ele certificou a presença de uma tripla reflexão (efeito Samson-Purkinje), característica de todo olho humano vivo. O resultado diz que as imagens estão localizadas exatamente onde elas deveriam estar de acordo com tal efeito, e também que a distorção das imagens combina com a curvatura da córnea.

Mais ainda: quando os olhos da imagem são expostos à luz, a retina se contrai, e quando se retira a luz, a retina se dilata, como um olho vivo!

O oftalmologista Rafael Torija examinou no mesmo ano a pupila da imagem com um oftalmoscópio de alta potência e observou, maravilhado, que na íris se via refletida uma mínima figura que parecia ser o busto de um homem. Este foi o antecedente imediato para promover a investigação mais profunda, ou seja, a digitalização dos olhos da Virgem de Guadalupe.

Conta-se que um grande especialista foi analisar a imagem para refutar os espantosos resultados, que considerava absurdos. Logo de início ficou estarrecido ao verificar a conservação da tilma e da imagem, passados 450 anos. E comprovou mais uma vez que a figura humana nos olhos Dela aparece perfeitamente enfocada no olho direito e desfocada no esquerdo, fato normal para as leis da ótica, se o olho esquerdo estivesse um pouquinho atrás do direito, em relação ao que observava.

Confirmou também a “tripla imagem” e a luminosidade das pupilas. Pareciam realmente as de uma pessoa viva: as pupilas se contraíam na presença de luz e quando retirada se dilatavam novamente. Um dia, absorto no exame que fazia com o oftalmoscópio, diante dos seus colaboradores, pediu: “Senhora, por favor, olhe um pouco para cima”. Um deslize muito significativo!

“Senhora, por favor, olhe um pouco para cima”

(deslize de um especialista ao examinar os olhos da imagem)
Reprodução fotográfica da imagem de Guadalupe, analisada em 2011
Reprodução fotográfica da imagem de Guadalupe, em alta definição. Fonte: The Eyes of Our Lady of Guadalupe

A ciência se aprofunda no mistério

O Dr. Aste Tonsmann, especialista em computação gráfica e engenheiro civil, digitalizou no ano de 1980, a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. A digitalização consistiu em dividir a imagem em quadrinhos microscópicos, até o ponto de, numa superfície de um milímetro quadrado, caberem 27.778 ínfimos, mínimos quadrinhos. Uma vez feito isso, cada mini-quadrinho pode ser ampliado, multiplicando-se por dois mil, o que permite a observação de pormenores impossíveis de serem captados a olho nu.

O resultado de 20 anos desse minucioso e cuidadoso estudo dos olhos da Virgem de Guadalupe foi a descoberta de 13 pequenas figuras.

As 13 figuras nos olhos da Virgem de Guadalupe

As imagens que se observaram na íris de Nossa Senhora são:

1- um índio sentado no chão, com a cabeça ligeiramente levantada, parecendo dirigir seu olhar para cima, em sinal de reverência e atenção;

2- um homem idoso, careca, nariz proeminente, olhos fundos e barba branca. Estudos iconográficos levam a reconhecê-lo como o Bispo Zumárraga;

3- um jovem, com expressão de surpresa. Parece dirigir a palavra ao homem idoso e sua postura sugere que seja um tradutor, porque o bispo não falava nahuatl (e ele estava em audiência com Juan Diego).

4- um índio com barba, nariz fino e os lábios entreabertos. Ele usa um chapéu em forma de cone, como era costume entre os índios naquela época. Veste um manto ao redor do pescoço, tem o braço direito estendido e levantado na direção em que está o homem idoso. Uma hipótese bem aceita é que seja o vidente Juan Diego.

5- uma mulher negra, atrás de Juan Diego, com olhar de espanto. Teria sido uma serviçal do Bispo Zumárraga, como consta em um relato de Padre Mariano Cuevas em seu livro: História da Igreja no México.

6- um homem de barba, a primeira figura percebida a olho nu: tem traços europeus, mas não foi identificado. Tem uma atitude contemplativa, com o rosto expressando interesse e perplexidade; mantém seu olhar para o local onde o nativo exibe seu manto.

As figuras 7 a 13 estão no centro de ambos os olhos e tem sido chamado de “grupo familiar indígena”. As imagens são de tamanhos diferentes e compõem cenas diferentes:

7 – uma jovem de características muito finas que parece olhar para baixo. Tem na cabeça uma espécie de cocar com tranças no cabelo, ornadas com flores;

8- por trás da cabeça da jovem há um bebê envolto em uma bolsa, comum naquela época, para carregar crianças.

9- um pouco mais abaixo e para a direita da jovem mãe,  um homem com chapéu;

10 e 11- entre a mãe o homem há um par de crianças (do sexo masculino e do sexo feminino);

12 e 13- um par formado por homem e mulher maduros, atrás da jovem.

Este homem maduro é a única figura que o pesquisador não encontrou em ambos os olhos da Virgem, apenas no direito.

Mais imagens dentro da imagem

O pequeno diâmetro das córneas (7 e 8 mm) descarta a possibilidade de que as figuras tenham sido pintadas por algum processo manual ou mecânico, especialmente quando se toma em consideração o material no qual a imagem está presente.

Este fenômeno é tão extraordinário que, ao ampliar 1 milímetro da imagem 2.500 vezes, descobriu-se que em um dos seus pontinhos microscópicos, pode-se ver a pupila do bispo dom Zumárraga, que aparece por inteiro na pupila de Nossa Senhora.

Acontece que, também na pupila do bispo, está refletida a imagem de Juan Diego apresentando a tilma com a imagem da Virgem de Guadalupe.

Que artista no ano de 1531 teria acesso a uma técnica ou tecnologia tão precisas para realizar uma tal pintura em espaço tão diminuto?

Olhando para o futuro

A imagem de Nossa Senhora de Guadalupe é um olhar de Maria que alcança nossos dias.

Justamente quando a sociedade moderna atinge em cheio a família, nós a encontramos, com o auxílio das tecnologias de nosso tempo, nas pupilas da prodigiosa imagem de Guadalupe, no centro do seu olhar compassivo.

Desde um dia remoto em 1531, Ela continua nos concedendo Sua mensagem de vida, esperança e salvação.

Como bem expressou Dom Estêvão Bettencourt, “Deus seja louvado pelos sinais que Se digna de dar aos homens, para manifestar a Sua presença e providência no mundo conturbado em que vivemos!”

Referências: