26 de abril de 2024

São Carlos amava a hora do “Angelus”. Ao toque do sino interrompia prontamente qualquer ocupação, ajoelhava-se, e, imerso em profundo recolhimento, recitava a suave oração mariana.

Ajoelhava-se na terra nua, onde quer que se encontrasse, ainda que fosse na lama das estradas, pelas quais se desenvolvia grande parte do seu penoso e incessante peregrinar de Pastor. Naquele gesto humilde e grande podemos divisar a síntese expressiva da devoção que ele nutria para com a Virgem Santíssima. Uma devoção sólida, unida à contemplação do mistério da Redenção, base da sua piedade pessoal e ponto de irradiação do seu intensíssimo ministério. Uma devoção terna, efusiva da incoercível capacidade de comoção do seu ardente coração.

Uma devoção filial, que conhecia os enlevos em que estava adestrada a sua alma de asceta austero e penitente. “Meditando o anúncio da divina encarnação – ele escreve – seremos participantes daquela imensa alegria da qual está repleta a Beatíssima Virgem Mãe de Deus. Cada um medite dizendo dentro de si: o Verbo fez-se carne e habitou entre nós, para que o homem se tornasse participante da natureza divina, para que tivesse a sua morada no céu, para que fosse dada satisfação à Justiça divina e fosse dado remédio à soberba humana”.

A dimensão mariana percorre a sua multíplice obra de apóstolo do Concílio de Trento, de legislador genial e cuidadoso, de reformador clarividente e inflexível, corroborando o sentimento popular que fizera de Maria a Nossa Senhora de Milão.

São Carlos aplica-se em fazer que a devoção à Virgem penetre de modo cada vez mais profundo na piedade individual e no culto público. Para isto, estabelece numerosas disposições, a respeito da difusão do Santo Rosário, da recitação do Ofício da Bem-aventurada Virgem, da celebração da Missa e de particulares funções em honra de Maria.

(Dos discursos de São João Paulo II sobre São Carlos Borromeu
Fonte: São Carlos Borromeu, glorioso padroeiro do povo sãocarlense)